segunda-feira, abril 30, 2007

Nevermind [dissertações de um Mineiro]

Hoje ia na rua quando me caiu uma gota de água na cabeça. E isso fez-me pensar. Seria um sinal de que ando a beber pouca água? Ou de que ando a desperdiçar muita água? Este meu devaneio foi rudemente interrompido por um guna que, muito educadamente, requisitou o meu telemóvel. Na falta de telemóvel, ofereci-lhe uma alheira caseira, não é dessas que há por aí à venda nos hipermercados, que são feitas com carne feita em tubos-de-ensaio-ou-lá-o-que-aquilo-se-chama (como aqueles frangos que nascem já sem cabeça, penas nem ossos). Para meu espanto, o simpático guna disse que não estava interessado, e que já que não tinha dinheiro, que me ia dar umas facadinhas “de consolação”. Quando ele acabou o serviço, foi-se embora a assobiar a tirolesa, enquanto eu sangrava profusamente da barriga. Lá prossigo o meu passeio, as pessoas a olhar para mim, não sei porquê, talvez tenham descoberto que eu respondi “Não, por acaso sou esquerdino.” à pergunta “És canhoto?”. Ainda assim, não foi tão mau como quando me disseram “Queres que te faça um desenho? Arranja-me uma folha e um papel.”. A certa altura, um fulano vem ter comigo e diz-me “Pá, tás a sangrar!”, e eu, claro, fico lixado! Que é que ele tem a ver com isso? Que se meta na vida dele! Há gajos para tudo, sinceramente! Bem, mas como já o meu tio-avô-em-vigésimo-segundo-grau-por-afinidade dizia, “Presunto e aguardente, cada um toma a que quer.”. Era bom homem, o meu tio-avô-em-vigésimo-segundo-grau-por-afinidade. Gostava de ir pescar trutas com a caçadeira. Já agora, uma questão de ordem prática: porque é que as facas, navalhas, e assim, são chamadas “armas brancas”? O metal não é assim, a modos que, cinzento?



ADVERTÊNCIA: O blogue “O Senhor do Minério” não está sujeito a receita médica. Contudo, deve absorvê-lo com precaução. Entre os efeitos secundários contam-se: vontade de agredir o autor com uma bifana, enfiar-lhe uma barra de C-4 pela goela abaixo, passá-lo a ferro com um tractor, meter-lhe uma viga pelo cu acima e, como demonstrado acima, esfaqueá-lo brutalmente na zona abdominal, entre outros sintomas. Se um ou mais destes sintomas persistirem, vá passear pistachos, que eu estou positiva e sinceramente a descascar cebolas para si.

sexta-feira, abril 13, 2007

As Aventuras e Desventuras de Alain Molotov

Alain Molotov, nascido Francisca Manuela Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, foi uma figura marcante dos últimos séculos. Alain, ainda Francisca, veio ao mundo numa trágica tarde de lua meio vazia. O seu pai morreu enquanto Francisca nascia, vitimado por uma grave crise de azia, fruto de um entrecosto com enchidos à transmontana excessivamente bem temperado. Francisca herdou esse desarranjo digestivo, tornando-se rapidamente conhecida como “a rapariga com os gases mais letais da aldeia”. No dia em que completava 12 anos de idade, após uma calma vida a passar ventos, um evento marcou a sua vida definitivamente. Enquanto se baixava para apertar os cordões dos chinelos, perigosamente perto das velas de aniversário acesas, descuidou-se. Os danos: no pobre Alain, ainda Francisca, apenas morais. A mãe perdeu a barba, que ficou irremediavelmente queimada. Vários convidados foram hospitalizados com queimaduras de terceiro grau, e a casa ardeu totalmente. Cheio de vergonha do sucedido, Alain, ainda Francisca, decide fugir de casa. Parte em busca da salvação, em busca de um lugar onde se integre. É então que encontra um circo ambulante ucraniano, ao qual se junta. Depressa se começa a identificar com o sexo masculino, tendo pedido a um cirurgião integrante do circo para lhe fazer a operação de mudança de sexo. De imediato altera o seu nome para Alain Molotov, nome sugerido pelo halterofilista de palitos da companhia, que lhe havia ofertado um isqueiro para tornar as suas farpas em “bufas incendiárias”. O nome sugerido resulta da comparação entre as chamas que emanam do traseiro de Alain com as chamas produzidas pelos cocktail molotov servidos na cozinha do autocarro do director do circo. Contudo, a vida no circo não satisfaz o ego do grande Alain, que morre tragicamente aos 13 anos, às 13h13min13sec do dia 13 de um mês qualquer de um ano qualquer (já não sei ao certo quando, não tenho a memória de um fodente elefante!), vítima de um traumatismo ucraniano (tadinho do Alain, levou com um trapezista em cima da cachimona). Ficou famoso para a posteridade devido à frase pronunciada pelo seu espírito, momentos após a morte do seu corpo: “Carago, o vermelho-sangue fica-me a matar!!!”

Não perca esta emocionante história de sexo, drogas e basketball num cinema perto de si. Já à venda também em garrafas nas tascas aderentes.