domingo, janeiro 11, 2009

A morte do artista [D.O.A.]

Venho, completamente abalado, chorar a morte de um mano aqui das streets.
O artista conhecido como “Poeta de Beco” foi atingido em palco. Um fã cansado da sua hipocrisia disparou contra o pretenso [e auto-proclamado] músico com uma bisnaga carregada com leite achocolatado durante o seu último concerto.
O “Poeta de Beco” foi levado de emergência para o hospital, mas à chegada o cadáver já estava morto; e bem morto.
A carreira de “Poeta de Beco” estava em crescendo, tendo sido atingido durante o concerto que dava com os famosos putos do hip-hop, os tripeiros “Dealailama”.
O seu último êxito, o dueto com Leandro [cantautor romântico, compositor da balada “Que Mal Te Fiz Eu (Diz-Me)”] estava a começar a receber airplay nas rádios regionais, permitindo-lhe chegar ao mercado de massas (e arrozes, e cereais afins).
“Poeta de Beco” reflectia na sua obra influências de Eminem, Vanilla Ice, outros rappers brancos, e de branca [muita branca] na mioleira.
Escrevia sobre os problemas da droga e criminalidade que teve de enfrentar à porta do sítio onde cresceu. Problemas que, supostamente, abundavam no caminho privado de terra que leva à propriedade rústica da família (leia-se: herdade privada no meio do monte).
Escrevia também sobre a pobreza e as dificuldades sociais que (uma vez mais, supostamente) teve de ultrapassar. Dificuldades das que ninguém devia ter de aguentar, como receber uma moto no 14º aniversário, ou ter um estúdio de gravação privado.
O mundo do hip-hop (Ou rap? Não interessa, é tudo a mesma chungaria.) perdeu, assim, uma jovem promessa que estaria destinada a juntar-se aos grandes nomes da arte do bem ladrar, como o famoso “Sam the Bitch” [A.K.A. Samuel, a cadela – autor de êxitos como “Poetas de Karalhoke”].
Choremos, assim, a sua perda com um momento de silêncio:
- “Tum, tum, tum… Another one bites the dust! Tum, tum, tum… Another one bites the dust!
And another one goes, and another one goes… Another one bites the dust, HEY HEY!!!”
"Deixai vir a mim as criancinhas!" - disse Jesus com ternura na voz.
Mas imediatamente acrescentou, dirigindo-se à multidão:
"Esperem! À medida que isto saía da minha boca, eu sabia que estava errado."

- J.C., A Biografia